Na noite deste domingo, dia 5 de janeiro, a TV Record exibiu, no programa Domingo Espetacular, uma reportagem especial sobre a morte do empresário paraibano Gefferson de Moura Gomes, assassinado a tiros durante uma operação da Polícia Civil de Sergipe na cidade de Santa Luzia, no Sertão da Paraíba.
A reportagem relembrou a cronologia do crime, ocorrido em 16 de março de 2021, e que segue sem desfecho quase quatro anos depois.
No dia do ocorrido, Gefferson viajava de João Pessoa para Cajazeiras, onde iria cuidar dos pais, que estavam com Covid-19, e foi confundido com um criminoso chamado Luiz Henrique Cunha Carvalho, procurado pela polícia sergipana. Conforme as autoridades paraibanas, a Polícia Civil de Sergipe só comunicou a operação quando já estava na cidade, solicitando apoio de última hora.
O delegado que comandava a operação, Osvaldo Resende Neto, e os demais agentes de segurança envolvidos no crime alegaram que Gefferson estaria armado e teria reagido à abordagem, iniciando um tiroteio. Contudo, essa versão não foi confirmada.
A Record teve acesso ao depoimento do delegado, prestado em 2022. Nele, Osvaldo confessou ter atirado em Gefferson por engano e admitiu que plantou uma arma no local para forjar que a vítima estava armada.
“Eu já estava com a arma na posição, pedi para ele acender a luz interna, ele disse que estava sem funcionar e colocou a mão entre as pernas. Na hora em que ele colocou a mão nas pernas, foi instinto. Eu me afastei um pouco do carro, puxei a arma e efetuei os disparos. Nessa hora eu abri a porta, foi que vi que não era ele, bateu o desespero e vi que não tinha arma. Eu tinha uma arma minha, propriedade privada, tirei e coloquei lá no local. Estou falando a verdade!”, confessou o delegado Osvaldo Resende.
No processo consta a violação da cena do crime, o que prejudicou a perícia, já que o carro de Gefferson foi removido do local. Segundo um perito da Polícia Civil da Paraíba, é muito provável que os agentes de segurança tenham feito uma vistoria no interior do veículo: “No porta-malas do carro, a mala de viagem de Gefferson também estava aberta, com todos os objetos colocados para fora”, relatou o perito.
O corpo de Gefferson de Moura foi deixado pelos policiais em uma maca do lado de fora de um hospital em Santa Luzia. Em seguida, os agentes se apresentaram na delegacia da região e entregaram suas armas.
Os três agentes de segurança ficaram presos por três meses, mas dois deles foram absolvidos pela Justiça paraibana. O delegado Osvaldo Resende Neto responde em liberdade à denúncia de homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e sem dar chance de defesa à vítima. Além disso, ele também é acusado de fraude processual.
O caso ainda será submetido a Júri Popular, mas não há previsão para a realização do julgamento.
O advogado da família, Osael Fernandes, afirmou que a intenção da defesa do acusado é ganhar tempo para que a população esqueça o bárbaro episódio: “Estou percebendo que a defesa quer exatamente postergar o julgamento, para que haja o esquecimento na Paraíba e, no momento em que forem julgar, daqui a dois ou três anos, por exemplo, a situação não esteja tão palpitante”, comentou.